JORNALISMO POÉTICO 021: X ELEVADO A ZERO IGUAL A UM*

*(Sendo X uma variável - Pensamentos, emoções, sensações, pessoas, circunstâncias...)

Texto em homenagem ao meu tio Toinho Senna (engenheiro de profissão, músico por natureza, filósofo e cientista) que se recupera de um AVC e estará em breve lançando seu primeiro livro "Na velocidade da Luz".

Tenho certeza que ele vai passar por isso com bastante fé e força de vontade.

O Céu é o lugar onde todas as almas se encontram.

A amizade não é melhor do que a antipatia?

A simpatia é UNO; já antipatia tem um "anti" em si mesmo que gera o dois, a separatividade (no I CHING a linha inteira se quebra, e aí se perde a Unidade intrínseca com todos os outros seres e coisas do Universo - que é "uni" e é "verso", assim como uma moeda que é cara&verso, e não cara X verso). Com a antipatia nós perdemos o AMOR, a HARMONIA e a BELEZA, tornando-nos ressentidos com outra parte da vida que não se integra com o universo, além de canalizarmos a energia para um caminho contrário ao de um despertar da consciência.

Contudo, esse Espaço/Tempo que vivenciamos não há nenhum passado para se ter trauma e nem futuro para se preocupar, pois TUDO NO UNIVERSO ESTÁ ACONTECENDO E É AGORA. E deste modo não há idade, doença, dificuldade, medo ou nenhum outro complexo que não seja Deus.

Muitas vezes, não conseguimos observar que todas as “barreiras” são artificialmente criadas pelo nosso próprio EGO e é justamente ele que separa o ser de sua homogeneidade; fabricando "o outro".

Tudo na vida é cíclico, logo o amor/fraternidade não só é o caminho, mas também um resultado proveitoso em harmonia com o todo. Quando se age com esse intuito, proclama-se a Glória da alma na Terra que no mesmo instante já se encontra no Céu (e forma humilde e natural, como a pureza do gesto da criança, no paraíso da Felicidade).

Tudo na vida são ciclos. A forma como você enfrenta seus empecilhos é o que lhe diferencia.

# EGO elevado a zero = DEUS

Não há duas vidas em nosso íntimo, desde quando nascemos não somos dois "eus", o único ser é a vida.

Pois se o todo unido é uno/um, então porque separar um "eu" de outro "eu" sendo nós frutos de um único EU SOU?

Então quem sou eu?

Com certeza não sou apenas mais um pequeno egozinho separado dos outros seres humanos pelo nome, pela forma e pelo desamor da Matrix Ilusória. Pois se assim fosse, viveríamos num mundo fantasioso em que todos nós seríamos apenas parte de um programa de computador, no qual Deus estaria morto, o niilismo estaria em alta e a realidade em crise.

Isso é que faz todos nós nos esquecermos dos momentos maravilhosamente integrados que um dia tivemos na plenitude - quando fomos criancinhas -, antes que o mundo nos implicasse no chamado "pecado original" - RG, CPF, IR, Facebook, Twitter e tudo aquilo que lhe diferencia como indivíduo.
Isso, para aqueles que ainda não tomaram consciência da sua unidade com Deus. Fazendo urgir a consciência crística, muito antes que da Matrix viesse a interferir, e que fizesse todos nós separados uns dos outros, como partículas atômicas identificadas com um "eu", preso dentro de um "saco de pele" atrás dos nossos dois olhos - que apreendem a Luz da nossa estrela - o SOL.

Porém a luz, além de ser partícula (e, portanto, corpo), é também ONDA; e como onda nós podemos num campo eletromagnético 'ser um filme' ou podemos 'ser uma música'; e assim podemos estar unidos com a luz e o som, esquecendo-nos momentaneamente de nós mesmos como simples "egos" separados e dos nossos problemas de tempo e de espaço.

"X elevado a zero = 1", fórmula que UNIFICA, fundamental e essencialmente, todas as leis do Universo. E ela é assim: Quando nós nos libertamos das mágoas, ressentimentos e findamos com os “tempos” (passado, futuro), nosso “ego separado” é crucificado e o que sobra é o eterno AQUI e AGORA.

Ora, na Teoria da Relatividade existe o conceito de "comprimento de um acontecimento": um acontecimento que dure UM segundo transcorre 300.000 km (pois a velocidade da luz é de 300.000 km/seg).

Mas quando o comprimento de um acontecimento é NULO, aí temos a EQUAÇÃO DO MOVIMENTO DA LUZ NO VÁCUO. Esta equação descreve, para mim, a realidade em que toda criança vive. Certa vez uma criancinha de 2-3 anos de idade bateu no seu irmão gêmeo; no mesmo instante que este último ia revidar, viu um balde amarelo no chão e se agachou para mexer no balde;
Mas aí, quando se levantou, os dois já não mais estavam brigando e sim brincando. Isto é, aquele acontecimento único chamado "meu irmão bateu em mim" já não existia mais, ele foi zerado, anulado pela própria dinâmica da Luz, que se movimenta à incrível velocidade de 300.000 km/seg. Então, depois de um segundo daquele acontecimento chamado "meu irmão bateu em mim", a Luz da Vida já viajara 300.000 km, já não mais havia mágoa, ressentimento, resistência...

Pense sempre que você resiste à vida durante 300.000 km, pelo simples fato de guardar uma mágoa de alguém por um segundo. Cada dia trás suas próprias preocupações. Quando relevamos demais nossas preocupações desnecessárias, impedimos nosso próprio crescimento pessoal.

Vivendo no AGORA, eu realmente não preciso de nada, pois sempre no “agora puro” (aquele que não é contaminado por preocupações ínfimas com o meu passado ou meu futuro – mas sim no AQUI e o AGORA) eu sou feliz e agradeço por estar vivo, pois para morrer basta estar vivo!

Pois se sabe que Deus é a gente mesmo dentro da gente no nosso íntimo mais íntimo. Logo o "ORGULHO (ego) elevado a zero = 1"... - isto é - naquele acontecimento que foi anulado dentro de mim (rancor/ira/ressentimento/culpa), eu me permiti estar novamente na presença do gerúndio - que é Deus gerando -, me permiti de novo me tornar como uma criancinha e voltar a viajar na velocidade da luz.

Com fé fazemos desaparecer nossos egos mesquinhos, para que existe só um caminho, a verdade.

"ANTES QUE O BIG-BANG EXISTISSE, EU SOU!"

Gilberto Gil e Marisa Monte, Life Gods

(Projeto foi iniciado em janeiro de 1991, um quebra-cabeças (bricolage) gerado a partir de cut-ups dos vários nomes de "Deus" e entidades divinas publicados em vários idiomas e dialetos na edição de dezembro de 1990 da Revista LIFE. Na matéria de capa desta edição de fim de ano, intitulada "Whos's God?", havia um glossário com inúmeros nomes de divindades religiosas, do qual foram extraídos, os 77 nomes que acabaram gerando o poema da canção).