terça-feira, outubro 25, 2011

Sendo

Às vezes eu penso
às vezes eu reflito
às vezes choro
muitas vezes suponho
às vezes esqueço
sei que faria melhor
sempre questiono
sei que interpreto e expresso bem
e balanceio muito mal
gosto de compreender o diferente
às vezes sou terrestre
nunca no espaço
sempre no mar
amo a música
e o sentir
sempre me importo
e sei que não há momento comum
gosto de deitar na areia e ficar ao sol
acomodar o corpo, encaixar as costas
respirar
fechar os olhos e sentir o corpo esquentar
relaxo
gosto do barulho das ondas
principalmente dentro delas
quando tudo pára
e a acústica é perfeita
nasci, cresci e vivi assim
carregando no sangue a essência
da brisa da maresia todo fim de tarde
das palavras doces
da poesia
de Ipanema
do Arpoador
do Dois Irmãos
do surf
do skate
da Natureza
do carioca
de sorrir
de fazer as coisas a pé
e conhecer as pessoas
estar na rua e continuar em casa
estar com os amigos
gargalhar mais ainda
conhecer pessoas novas
ver nas diferenças a existência pulsar
e as artes traduzirem os desejos invisíveis
no gesto interior que transborda
nascem traços, formas e cores
letras, melodias e o prazer
de amar o que se faz
e fazer o que se ama:
a liberdade de ser quem se é.
a música envolve
e torna o simples, inesquecível
não precisa ser Nietzsche pra concluir
que “sem a música
a vida seria um erro”
eu particularmente
com certeza não seria o mesmo
gosto da energia do show
cantar com a mão pro alto
olhar pra pessoa ao lado
e rir ao mesmo tempo
amo o futebol
vascaíno doente de família portuguesa
pai tricolor, tio flamenguista e avô botafoguense
engraçado como os primos podem se inspirar
tenho um olhar antropológico ao que me cerca
e tirano comigo mesmo
meu íntimo navega
transformando textos imaginados,
atos emudecidos
em versos indiscretos, papéis amassados
mais delirante que os já escritos
por Quintana, Pessoa, Neruda e Vinícius
que socorreu levando-me ao bar
e tomando um uísquinho emocionado
me falou sobre a quebrada de pescoço que anula o raciocínio
que se passar por você até hoje sinto
ao me entorpecer nos devaneios do seu jeitinho e balançar
gosto de aprender
ler e escrever
ver e fotografar
eternizar
cada olhar
afinal, não existem momentos comuns
e como no próximo piscar
tudo já mudou
o presente é um presente
a se abrir e descobrir
a cada instante.




Criolo, Ainda Há Tempo

"As pessoas não são más, elas só estão perdidas. Ainda há tempo"

Yan

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